domingo, 17 de maio de 2009

Do ócio esperado

"Quando o sossego é só sossego e a visão do mar espraia a nossa identidade
sentimo-nos cúmplices da terra na densidade azul
e respirando pertencemos à leve viração
de um ser anónimo vagamente feliz
que renova em nós os alvéolos do sangue
e dança na linfa com os seus élitros verdes
O peito levanta-se com os seus campos e regatos
e ergue-se até à cúpula das estrelas latentes
O ócio murmura nas esferas e cintila nos monótonos fulgores
e o sentido de tudo liberta-se de si mesmo
para ser a liberdade de um presente inextinguível
Se se pode tocar o ardor na sua fuga tentamos projectá-lo em grãos incandescentes
para que a boca que os lê possa reencontrar o seu sabor primordial"

Nenhum comentário:

Postar um comentário