terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Poesia

"A poesia é algo tão íntimo que não pode ser definida."

Ciconia Nigra




domingo, 23 de agosto de 2009

sábado, 4 de julho de 2009

Sotaque da Terra

"Estas pedras
sonham ser casa
sei
porque falo
a língua do chão
nascida
na véspera de mim
minha voz
ficou cativa do mundo,
pegada nas areias do Índico
agora,
ouço em mim
o sotaque da terra
e choro
com as pedras
a demora de subirem ao sol"

segunda-feira, 29 de junho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Agarrei no ar...

"Agarrei no ar um véu
esmaecido de azul,
igual ao azul do céu
iluminado pela lua.

Eu passo a vida a sonhar
iluminado pela lua. "

sexta-feira, 12 de junho de 2009

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Celebração da voz humana

"Tinham as mãos amarradas, ou algemadas, e ainda assim os dedos dançavam, voavam, desenhavam palavras. Os presos estavam encapuzados; mas inclinando-se conseguiam ver alguma coisa, alguma coisinha, por baixo. E embora fosse proibido falar, eles conversavam com as mãos.
Pinio Ungerfeld me ensinou o alfabeto dos dedos, que aprendeu na prisão sem professor:- Alguns tinham caligrafia ruim – me disse -. Outros tinham letra de artista.A ditadura uruguaia queria que cada um fosse apenas um, que cada um fosse ninguém: nas cadeias e quartéis, e no país inteiro, a comunicação era delito.
Alguns presos passaram mais de dez anos enterrados em calabouços solitários do tamanho de um ataúde, sem escutar outras vozes além do ruído das grades ou dos passos das botas pelos corredores. Fernández Huidobro e Mauricio Rosencof, condenados a essa solidão, salvaram-se porque conseguiram conversar, com batidinhas na parede. Assim contavam sonhos e lembranças, amores e desamores; discutiam, se abraçavam, brigavam; compartilhavam certezas e belezas e também dúvidas e culpas e perguntas que não têm resposta.
Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada."

A ajuda do Banco Mundial


La playa de los pobres

1
"Los pobres veranean en un mar
que sólo ellos conocen
Allí instalan sus carpas
hechas de mimbre y celofán
y luego bajan a la orilla
para ver la llegada de los botes
curtidos de adioses
En la playa
la miseria se broncea boca abajo
el hambre toma sol en una roca
los niños hacen mediaguas en la arena
y las muchachas se pasean
con sus bikinis pasados de moda
Ellas tienden sus toallas de papel
y se recuestan a mirar el reventar de las olas
que les recuerda la forma de un pan
o una cebolla
Mar adentro nadan los sueños
Y ellas ven al vendedor de helados
acariciando sus pechos
o a ellas mismas en un viaje hacia la espuma
del que regresan con vestidos nuevos
y una sonrisa en el alma
2
Los pobres veranean en un mar
que sólo ellos conocen
Y cuando cae la tardey
el horizonte se desviste frente a ellos
y las gaviotas se desclavan del aire
para volver a casa
y el crepúsculo es una olla común
llena de peces y colores
ellos encienden sus fogatas en la arena
y comienzan a cantar y a reír
y a respirar la breve historia de sus nombres
y beben vino y cerveza
y se emborrachan
abrazados a sus mejores recuerdos
Mar adentro nadan los sueños
Y ellos ven a sus hijos camino de la escuela
cargando libros y zapatos y juguetes
o a ellos mismos regresando del trabajo
con los bolsillos hinchados
y con un beso pintado en el alma
Y mientras ellos sueñan
el hambre apaga sus fogatas
y se echa a correr desnuda por la playa
con los huesos llenos de lágrimas"

domingo, 7 de junho de 2009

Gatos no Telhado


A poesia

"A poesia é a união de duas palavras que nunca se supôs que se pudessem juntar e que formam uma espécie de mistério"

terça-feira, 2 de junho de 2009

Before it's too late




As culturas de todos os povos

"Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade possível.”

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Corpo

"corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa

abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado

mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas

levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo"

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Amendoeira em flor


Espaço curvo e finito

"Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti."

terça-feira, 26 de maio de 2009

a mesma sociedade...e nós não queremos que mude?

Não sei como dizer-te...

"Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram."

segunda-feira, 25 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

¿Puedes?

"¿Puedes venderme el aire que pasa entre tus dedos y te golpea la cara y te despeina?
¿Tal vez podrías venderme cinco pesos de viento, o más, quizás venderme una tormenta?
¿Acaso el aire fino me venderías, el aire (no todo) que recorre en tu jardín corolas y corolas, en tu jardín para los pájaros, diez pesos de aire fino?

El aire gira y pasa en una mariposa. Nadie lo tiene, nadie.

¿Puedes venderme cielo, el cielo azul a veces, o gris también a veces, una parcela de tu cielo, el que compraste, piensas tú, con los árboles de tu huerto, como quien compra el techo con la casa?
¿Puedes venderme un dólar de cielo, dos kilómetros de cielo, un trozo, el que tú puedas, de tu cielo?

El cielo está en las nubes. Altas las nubes pasan. Nadie las tiene, nadie

¿Puedes venderme lluvia, el agua que te ha dado tus lágrimas y te moja la lengua?
¿Puedes venderme un dólar de agua de manantial, una nube preñada, crespa y suave como una cordera, o bien agua llovida en la montaña, o el agua de los charcos abandonados a los perros, o una legua de mar, tal vez un lago, cien dólares de lago?

El agua cae, rueda. El agua rueda, pasa. Nadie la tiene, nadie.

¿Puedes venderme tierra, la profunda noche de las raíces; dientes de dinosaurios y la cal dispersa de lejanos esqueletos?
¿Puedes venderme selvas ya sepultadas, aves muertas, peces de piedra, azufre de los volcanes, mil millones de años en espiral subiendo?
¿Puedes venderme tierra, puedes venderme tierra, puedes?
La tierra tuya es mía.
Todos los pies la pisan.
Nadie la tiene, nadie."

sábado, 23 de maio de 2009

Procuro o lento cimo da transformação

"procuro o lento cimo da transformação
um som intenso. o vento na árvore fechada
a árvore parada que não vem ao meu encontro.
chamo-a com assobios, convoco pássaros
e amo a lenta floração dos bandos.
procuro o cimo de um voo, um planalto
muito extenso. e amo tanto
a árvore que abre a flor em silêncio."

sexta-feira, 22 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Paisagem

"Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.

Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores, elástica e dura.
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.

Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento,
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.

Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exalação afirmativa.

Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre"

Studio Boat


Palavras

"Palavras não existem
fora da nossa voz
as palavras não assistem
palavras somos nós"

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Los niños de Extremadura

"Los niños de Extremadura
van descalzos.
¿Quién les robó los zapatos?

Les hiere el calor y el frío.
¿Quién les rompió los vestidos?

La lluvia
les moja el sueño y la cama.
¿Quién les derribó la casa?

No saben
los nombres de las estrellas.
¿Quién les cerró las escuelas?

Los niños de Extremadura
son serios.
¿Quién fue el ladrón de sus juegos? "

terça-feira, 19 de maio de 2009

domingo, 17 de maio de 2009

Tango II


Do ócio esperado

"Quando o sossego é só sossego e a visão do mar espraia a nossa identidade
sentimo-nos cúmplices da terra na densidade azul
e respirando pertencemos à leve viração
de um ser anónimo vagamente feliz
que renova em nós os alvéolos do sangue
e dança na linfa com os seus élitros verdes
O peito levanta-se com os seus campos e regatos
e ergue-se até à cúpula das estrelas latentes
O ócio murmura nas esferas e cintila nos monótonos fulgores
e o sentido de tudo liberta-se de si mesmo
para ser a liberdade de um presente inextinguível
Se se pode tocar o ardor na sua fuga tentamos projectá-lo em grãos incandescentes
para que a boca que os lê possa reencontrar o seu sabor primordial"

sábado, 16 de maio de 2009

Vida e Poesia

"Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida."

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Busturiko Vikingoak

Perguntas

‘’Para mim há sempre pontos de interrogação por todo o lado. A única coisa interessante são as perguntas, não as respostas.Saber do que se trata. É sempre este o problema. Do que se trata ? O que é ? Por quê ?’’

Escrevo

"Escrevo porque sou do contra"

terça-feira, 12 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A silenciosa força das flores

"A silenciosa força das flores
Emana de suas cores
Que são a sua voz
Os seus anúncios
O seu mosaico de intenções
E digressões
Vitais em seus prenúncios
Sua beleza
Sua inestimável fineza
Está
Em seu corpo a corpo com o desejo
Sua façanha é
Inspirar o beijo
Do errante visitante que as fecunda
Silentes
Apelam
Dando gritos de perfume"

domingo, 10 de maio de 2009